Faz 3 anos que eu mudei. Abri a cabeça e fui parar numa ciranda completamente excêntrica. Ciranda de Maluco. Abri os olhos e vi o que havia para ver. Tudo mesmo, todo o conteúdo. Empenhei sem preconceitos, meu ânimo na observação. Calma e lentamente absorvi. Absorvi e sorvi todos os sentidos da juventude. Transcendi do amor ao delírio. Senti as primeiras batidas de um coração alheio sem saber se era verde ou azul. Minha sinestesia trabalhava ininterruptamente. E mais cores apareciam. E eram muito vivas. E outra vez. E mais outras vezes. E mais! Senti a atmosfera me envolver como bolhas leves e flutuantes.
O que tinha dentro de mim já não me pertencia. Era dela. Da ciranda. Vomitei ideias, às vezes. E tantos outros também o fizeram. Não era baixo nem escondido. Todos colocavam pra fora, harmonicamente, como uma ciranda deveria ser. O ritmo sempre foi acelerado. Sempre. E era acompanhado por estímulos divinos. Ora superiores, ora inferiores, nunca ausentes.
Muito pouco me lembro de antes, a não ser dos humores dos meus queridos. E como tudo era menor 3 anos atrás. Minha pele, minha alma, meus olhos...
Faz 3 anos que eu abri a cabeça e caí nessa Ciranda de Maluco. Abri os olhos e vi tudo o que havia. Tudo, tudo mesmo. Não sobrou nada.